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Produtos congelados continuam importantes no cabaz de compra

Com a normalização do funcionamento do canal Horeca e o expectável regresso a um maior consumo fora do lar, as empresas de congelados mostram-se otimistas quanto ao futuro do sector, perspetivando um continuado crescimento, ao longo de 2022. No entanto, a sua atividade não deixa de estar sujeita a crescentes constrangimentos. Nomeadamente, os sucessivos aumentos dos custos de produção, com o significativo incremento do preço da energia, assim como da própria matéria-prima. A praticidade e a conveniência são fatores decisivos que vão continuar a potenciar o consumo de produtos congelados junto dos portugueses, aliadas a uma preocupação cada vez maior com a sustentabilidade.

Segundo os dados da NielsenIQ, relativos ao ano móvel findo na semana 20 de 2022, categorias como vegetais congelados, batata congelada e peixe congelado a granel apresentaram ligeiros decréscimos, tanto em volume quanto em valor. Destaca-se a queda mais acentuada das categorias de marisco congelado embalado e de peixe congelado embalado, que atingiram o duplo dígito negativo nas vendas em volume. Por outro lado, as sobremesas congeladas, refeições congeladas, componentes de refeições congeladas e bacalhau congelado vieram dinamizar este universo, apresentando um crescimento significativo, em ambas as vertentes, durante o mesmo período.

Ainda assim, o mercado de congelados apresenta, em 2022, uma queda ligeira em valor face ao ano anterior, o que é natural, dado que estamos a comparar um ano de regresso à normalidade com um período de ainda muitas restrições. “Mas, apesar de ser uma queda, é uma performance muito positiva. Se compararmos o valor do mercado hoje com o que era antes da pandemia, em 2019, estimamos que o crescimento, a fecho do ano, seja superior a 10%, o que demonstra como os congelados permanecem nos lares dos portugueses, mesmo com o regresso a uma certa normalidade, em termos de consumo fora de casa”, explica Inês Teixeira, diretora de marketing da Iglo. De facto, os produtos congelados ainda são estimados pelos consumidores portugueses. Até porque a escolha por opções mais fáceis de utilizar, sobretudo se as mesmas responderem também a uma crescente atenção em manter uma dieta saudável, é uma tendência do mercado alimentar, de um modo geral. “A praticidade é uma das grandes vantagens dos produtos congelados e uma das razões do crescimento da categoria como um todo, mas, sobretudo, dos segmentos de preparados, soluções rápidas de preparar, com qualidade e que evitam o desperdício alimentar”, adianta a responsável da Iglo.

TENDÊNCIAS

Cozinhar mais em casa e para a família e apreciar os momentos à mesa são duas tendências que vão permanecer mesmo no pós-pandemia. Houve um prazer redescoberto na preparação das refeições e, por outro lado, com o aumento de dias de trabalho em casa, face ao passado, também o almoço passou a ser feito mais vezes no lar. A diversidade de oferta dos congelados responde a esta necessidade crescente de soluções práticas para o dia-a-dia. Nesse sentido, as componentes de refeições congeladas têm vindo a ocupar o seu espaço e a NielsenIQ identifica-as como uma categoria de peso neste universo, com vendas em valor de 138 milhões de euros (+5,3%) e em volume de 18,4 milhões de quilogramas (+1,6%).
De acordo com Alexandre Soares, responsável pelo aconselhamento gastronómico aos clientes Sogenave, os portugueses ainda privilegiam a praticidade. A oferta de produtos de fácil utilização e saudáveis continua a ser uma tendência de mercado e um “driver” de crescimento e as vendas das marcas próprias da Sogenave refletem essa mesma tendência. “As vendas das marcas próprias da Sogenave, de refeições congeladas como o Prato Pronto e a Delizzia, têm tido um aumento significativo, chegando a ter um crescimento acima dos três dígitos, seguindo a tendência de mercado que a Nielsen identificou. Efetivamente, os portugueses continuam a cozinhar em casa, mas cada vez mais procuram produtos de fácil utilização para as suas refeições, ou logo a refeição pronta. Para isso, é essencial a diversidade de produtos ultracongelados colocados à sua disposição”, afirma o responsável.

De acordo com a responsável da Brasmar, conveniência e qualidade são tendências do mercado alimentar e os congelados não fogem à regra. “A praticidade e procura de soluções convenientes são as principais razões que explicam, em grande parte, o crescimento do mercado de congelados. Há um desafio crescente para inovar e alargar a oferta de produtos mais práticos e prontos a consumir e a Brasmar está atenta a estas tendências”, assegura. Inovação Fátima Macedo assinala a crescente preocupação com a sustentabilidade, que vai desde a pesca sustentável e respeito pelo ecossistema, até ao packaging dos produtos com menor impacto ambiental, como uma das principais tendências de consumo neste mercado. Noção reforçada por Marilina Louro, Marketing Manager da Riberalves. “Em breve, chegarão novos produtos gourmet, pré-cozinhados, de finalização o forno e apresentados em embalagens 100% recicláveis. Estamos fortemente envolvidos com o MSC – Marine Stewardship Council, observando as melhores práticas de sustentabilidade relacionadas com a nossa matéria-prima e a nossa atividade produtiva, porque é a nossa obrigação trabalhar num legado para as gerações futuras”, adianta a responsável, realçando a importância de se olhar também para a sustentabilidade como uma das principais tendências do futuro deste universo. “Cada vez mais, os consumidores valorizam qualidade, conveniência e saúde. Isto é incontornável, sobretudo para as gerações mais jovens, que esperam das marcas as melhores soluções para as exigências que decorrem dos novos ritmos de vida. Vamos, por isso, continuar a antecipar novas experiências de consumo com o melhor bacalhau de cura portuguesa. O bacalhau é tradição, mas também é futuro. E os portugueses continuarão a ser os maiores embaixadores deste produto e da sua reinvenção”, conclui.

CONVENIÊNCIA

Face a ritmos de vida cada vez mais acelerados, a preocupação com o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional ganha uma ainda maior relevância, o que tem potenciado o desenvolvimento de alguns mercados associados à noção de conveniência. “A noção de conveniência dos produtos congelados continua a servir de força motriz no seu desenvolvimento. Atualmente, é quase imperativo associá-los à noção de produto saudável e sustentável. Podemos afirmar que, realmente, a qualidade e a conveniência têm de estar de mãos dadas”, diz Alexandre Soares. Aliado a esta evolução, o contexto pandémico modificou o comportamento de compra dos portugueses, onde o online foi um canal privilegiado e que continua a ter protagonismo nas vendas destes produtos no chamado regresso à normalidade. Fátima Macedo, Brand Manager da Brasmar, confirma que, com a pandemia, comprar produtos congelados através da Internet passou a ser uma opção viável para muitos portugueses e prova disso foi o facto de muitas marcas terem apostado no e-commerce e nas entregas ao domicílio. “Todavia, em Portugal, ainda existe um caminho a percorrer e, no sector de produtos do mar congelados, o consumidor ainda privilegia a compra física dos produtos”.

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